Sustentabilidade
No passado dia 22 de Março, no âmbito da Área Curricular de Didáctica B/G, tive a oportunidade de assistir à apresentação da Dra. Patrícia Sá, intitulada “Antropoceno: risco ou oportunidade?”
De uma forma geral, gostei da apresentação. O tema revestia-se de grande interesse para mim, uma vez que, focou aspectos comuns aos que penso abordar na minha tese. O tema da minha tese irá basear-se na “Educação para o Desenvolvimento Sustentável”.
Este tema levanta questões estimulantes e pertinentes para construir o percurso de uma tese. Estamos em plena década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, e, os problemas da sustentabilidade estão na ordem do dia – constituem, quase sempre, ou título da primeira página dos jornais ou tema de abertura dos telejornais. Desde as catástrofes naturais às grandes e rápidas mudanças climáticas e respectivas consequências, passando pela gestão dos recursos naturais, reconhecidamente finitos, ou pelas tecnologias que utilizam formas de energia alternativas, são questões de relevância reconhecida que exigem tomadas de decisão informadas e participadas por um número cada vez maior de cidadãos.
Perante esta realidade, a escola não pode sustentar uma atitude passiva de saberes magistrais e dogmáticos que não podem ser alvo de discussão. Não tenho dúvidas que para responder a este desafio a escola terá de se reestruturar; fazer da sala de aula um palco onde as ideias mais actuais e pertinentes sejam discutidas, reflectidas e criticadas. Só assim, a escola dará um contributo real na formação de cidadãos esclarecidos, críticos e interventivos.
No documento de orientações curriculares de Ciências Físicas e Naturais, do 3º Ciclo do Ensino Básico, é dedicado um ano lectivo completo – 8º ano – ao desenvolvimento das questões de sustentabilidade de forma abrangente e interdisciplinar, nas disciplinas de Ciências Físico-Químicas e Ciências Naturais (Ministério da Educação, 2001a, 2001b). Os novos currículos do ensino secundário (Ministério da Educação, 2001c, 2001d) apontam, também, de forma clara, a abordagem deste tema e sugerem a adopção de metodologias de índole socioconstrutivista. Estas pressupõem um papel mais activo do aluno na sala de aula e um outro modo de ensinar, exigindo que o professor actue como facilitador das aprendizagens e não somente como transmissor de conhecimentos a um conjunto de alunos desejosos de o ouvir. Todavia, a investigação tem vindo a mostrar a dificuldade em implementar os novos currículos.
Estou consciente que não temos alternativa senão em transportar para a sala de aula, as controvérsias e os assuntos sociocientíficos que envolvem a nossa vida diária. Se não o fizermos, além de estarmos a leccionar temas e assuntos que aos olhos dos alunos parecem distantes, e, sem qualquer relação com o mundo real, estamos tacitamente a contribuir para uma deseducação ecológica que põe em risco a possibilidade de sobrevivência de inúmeras espécies, incluindo a humana.
Impõe-se uma eficaz e pertinente educação não só dos alunos, da sociedade, mas começando pelos professores. Um professor que desconheça determinado assunto, não o pode ensinar. “Os professores só poderão ensinar aquilo que eles próprios compreendem” (Cachapuz, Praia, & Jorge, 2000, p. 75).
Bibliografia:
Almeida, M. (2006). Um planeta ameaçado: a ciência perante o colapso da biosfera. Lisboa: Esfera do Caos.
Cachapuz, A., Praia, J., & Jorge, M. (2000). Reflexão em torno de perspectivas do ensino das ciências: contributos para uma nova orientação curricular – ensino por pesquisa. Revista de Educação, IX(1), 69–78.
Figueiredo, O. (2005). Ciência e sustentabilidade: dois estudos de caso de duas professoras de ciências físicas e naturais do 3º ciclo do ensino básico. Lisboa: DEFCUL [Dissertação de mestrado, documento policopiado].